desenhos / piu piu piu

um manual de instruções, s.f.f.

De tempos a tempos lá compro mais um, para a colecção que se vai acumulando na casa de banho. Ainda os tiro para fora, limpo as embalagens, experimento um bocado à noite e digo para mim mesma que no dia seguinte é que é, vou (finalmente) usar um batôn.

Eu não sei se é só comigo, mas dou por mim a não me entender com as ditas barras coloridas.

A Clara Ferreira Alves, num artigo que ela escreveu algures, dizia que nunca lhe faltava um na carteira e que conhecia os seus lábios de cor e que não precisava de espelhos e são-sei-mais-o-quê e que lhe tinham sido muito úteis no Iraque ou no Afeganistão ou não-sei-bem-aonde e que as mulheres dum destes países tinham ficado muito gratas pela oferta do seu batôn e que os tinha de várias cores e não podia viver sem eles e assim.

Eu é que não me oriento. Tenho-os de vários estilos, cores e feitios e não uso quase nenhuns. Regularmente faço reciclagens, ofereço-os todos e só sobram os que acho que vou usar. E depois… depois nada. Depois vou à loja mais próxima namorar outros e penso que um deles fará toda a diferença.

Os glosses ainda vai que não vai, sempre hidratam mais, mas os em barra secam os lábios, não há volta a dar, sobretudo os mates. Depois se são vistosos o que é que uma pessoa faz? Fica com medo de colorir a dentadura em vez da pele! Sorri e sente os lábios a esticar, por isso lá tem de passar a língua, com jeitinho e discrição. Não pode, pura e simplesmente, puxar a beiça para dentro, senão borra. Nem morder. E a beber? E a comer?! A gordura desfaz o batôn, por isso temos de limpar a boca antes de levar o garfo à boca. É isso? É assim que se faz? Mas depois não queremos ter o guardanapo cheio de batôn, é foleiro, por isso tem de ser bem dobradinho para a parte do batôn ficar escondida. Mas há uns persistentes e já não há mais voltas a dar ao guardanapo, já está todo colorido e já nem falo da comida… Depois do almoço fica um resto, quase nada, de um vermelho apagado e feio. Que fazer? Ir à casa de banho mais próxima e colorir mais um bocado? Ou sacar do espelho de bolso e fazer o mesmo às claras, assim, à grande?

Eu não sei como é que a Clara Ferreira Alves faz. Nem a moça dos lust lips que este senhor fotografou em Novembro. Mas que fica bem, fica.

Esperem aí um bocadinho que vou ali experimentar o meu vermelho vivo e já venho…

batôn

 

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